Basílica
A 17 de novembro de 1717, foi lançada a primeira pedra da construção da Basílica, cuja Sagração ocorreu 13 anos depois, a 22 de outubro de 1730, dia do 41.º aniversário do rei D. João V, sendo dedicada a Nossa Senhora e a Santo António.
Por ser a Capela-real do Palácio, foi elevada à dignidade de “Basílica”, prerrogativa garantida às capelas reais do rei de Portugal através da Bula do Papa Clemente XI, de 7 de novembro de 1716, que também determina a singularidade da liturgia aqui celebrada pelo Patriarca de Lisboa, enquanto capelão do rei.
Arquitetura
Projetada pelo arquiteto alemão Johann Friedrich Ludwig (João Federico Ludovice), a Basílica apresenta uma cruz latina com 60m de comprimento e 43m de largura.
A partir da entrada existem, em cada lado, três capelas, com estatuária italiana e retábulos em alto-relevo, da Escola de Escultura de Mafra.
No cruzeiro, à esquerda, está a Capela do Santíssimo Sacramento (ou da Coroação da Virgem Maria) e, no lado oposto, a Capela da Sagrada Família.
A Capela-mor é dedicada à Virgem com o Menino e Santo António, composta por um retábulo em pedra e por uma grande tela. Lateralmente estão as capelas de São Pedro de Alcântara (hoje do Santíssimo) e a de Nossa Senhora da Conceição.
Sobre o cruzeiro ergue-se, a 65 metros de altura, uma imponente cúpula.
Pintura
No altar-mor observamos uma magnífica pintura da autoria do italiano Francesco Trevisani, representando Nossa Senhora com o Menino e Santo António.
Sobre as portas de entrada, duas telas representam o milagre de Santo António pregando aos peixes e o da ressurreição de um defunto. Subsistem ainda outras pinturas, como as duas grandes telas que se encontram na Capela de São Pedro de Alcântara e três lunetas sobreportas. Parte da pintura que existiu na Basílica encontra-se hoje exposta, no circuito de visita do Palácio.
Escultura italiana, encomenda de D. João V
A Basílica integra um dos mais notáveis conjuntos de escultura italiana fora de Itália, da primeira metade do século XVIII. Nela se representam vários santos – quatro na fachada, São Francisco e São Domingos, Santa Clara de Assis e Santa Isabel da Hungria. Na galilé e átrios anexos, 14 estátuas, duas delas de maiores dimensões, estas representando São Vicente e São Sebastião, santos da especial devoção da Família Real portuguesa e no interior, 40 estátuas da mesma tipologia.
Para além das estátuas de vulto, acresce, um grande medalhão em mármore, no frontispício da Basílica, e um outro menor, sobre a porta de entrada da igreja, ambos com o tema de Nossa Senhora e Santo António. No interior, duas figuras alegóricas à Fé e à Religião e, na Capela-mor, um grande crucifixo e dois serafins em adoração.
Retábulos da Escola de Escultura de Mafra (1752-1823)
Em 1752, o rei D. José I, sucessor de D. João V, funda a Real Escola de Escultura de Mafra, estabelecendo as bases para uma academia de artes com o objetivo do ensino da escultura e também para a substituição das telas dos retábulos da Basílica, por baixos-relevos em pedra, tendo sido executados 10 retábulos e 11 lunetas sobreportas. Nelas trabalhou Alessandro Giusti, primeiro diretor da Escola de Escultura, e alguns dos seus mais importantes discípulos, como Machado de Castro, que mais tarde foi primeiro diretor da Academia Real das Belas Artes de Lisboa.
Metais
Complementa a arquitetura e a decoração desta Basílica um grande conjunto de luminárias em bronze, destacando-se os grandes lampadários executados em Itália por Joseph Zapatti, cuja qualidade impressionou vários viajantes estrangeiros, entre os quais William Beckford, que visitou Portugal em 1787, pensando que seriam feitos em ouro, e ainda os conjuntos dos candelabros e das banquetas dos altares, com os seus respetivos tocheiros.
Também de grande qualidade são os gradeamentos em ferro e bronze dourado, mandados executar em Paris, nas oficinas do fundidor Garnier.
Órgãos
Construídos entre 1792 e 1807 por Machado Cerveira e por Joaquim Peres Fontanes, os dois organeiros mais importantes da época, os seis órgãos da Real Basílica de Mafra constituem um conjunto único no mundo, dado que foram concebidos para tocarem em simultâneo. São designados por órgão do Evangelho, da Epístola, do Sacramento, de São Pedro de Alcântara, da Conceição e de Santa Bárbara, conforme a aproximação a cada um dos espaços contíguos.
Carrilhões
Nas duas torres sineiras encontra-se o mais importante conjunto sineiro histórico do mundo, composto por 120 sinos, com pesos que vão desde os 2,7 kg até às 12 toneladas, organizados em três grupos: os sinos de horas, os litúrgicos e os dos carrilhões.
Os dois carrilhões têm, cada um, a amplitude de quatro oitavas e foram fundidos, em 1730, em Liége, nas oficinas de Nicolau Levache (46 para a torre norte) e em Antuérpia, na fundição de Willem Witlockx (47 para a torre sul).
Associado aos sinos encontram-se dois relógios, os maiores do seu tempo na Europa, fabricados na Holanda, que também se articulam com automatismos musicais com 4 cilindros de 9 faixas musicais.